sexta-feira, 17 de setembro de 2010

TABAGISMO

MAIS PESSOAS DIZEM ADEUS AO CIGARRO

Médicos e pesquisa do IBGE constatam crescimento do número de
ex-fumantes. Divulgação dos males do tabagismo contribuiu para a queda

A primeira Pesquisa Especial Sobre Tabagismo (Petab), realizada pelo
IBGE e divulgada em novembro de 2009, revela que o número de
ex-fumantes no Brasil já ultrapassa o número de fumantes. Já o
Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas de São Paulo,
constatou que, após alguns meses de funcionamento da lei antifumo no
Estado, foi reduzida em quatro vezes a concentração de monóxido de
carbono nos ambientes fechados. Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro são
exemplos de Estados que também aderiram à lei e, dessa forma,
colaboram para a diminuição do número de fumantes. Em Pernambuco,
depoimentos de médicos e pacientes comprovam a eficácia da medida.

O auxiliar administrativo Aurino Lourenço, 60 anos, foi fumante
durante 45 anos de sua vida. "Comecei aos 14. Naquela época, era
bonito fumar. Os jovens gostavam muito", lembra, afirmando que, nos
últimos anos, começou a sentir-se excluído em diversos ambientes por
causa do vício. "Até em bares, que antes eram lugares onde tinha
muitos fumantes, eu comecei a notar as pessoas se afastando quando eu
acendia o cigarro. No meu trabalho, reclamavam, na minha casa, também.
Qualquer objeto que eu pegava ficava com o cheiro e, mesmo que eu
tentasse disfarçar, escovando os dentes, as pessoas percebiam", conta.

Incentivado por um médico, que solicitou exames e informou que ele
tinha problemas de saúde provocados pelo cigarro, seu Aurino resolveu
lutar contra o vício. "Nas minhas pernas tinham veias entupidas, tudo
por causa do cigarro", diz. Há um ano, sem precisar de medicamentos,
ele conseguiu. O próximo passo, foi incentivar a esposa a também
parar. "Ela precisou de remédios, mas também conseguiu", comemora,
dizendo que, agora, seu projeto é fazer campanha no bairro onde mora.
"Quero ir às escolas, mostrar aos jovens os males provocados pelo
cigarro", salienta, acrescentando que as campanhas promovidas pelo
governo, principalmente as divulgadas nas carteiras de cigarro, sempre
chamaram muito a sua atenção. "Ficava com medo quando via a foto de um
homem todo entubado porque fumou muito."

O cardiologista Sílvio Paffer ressalta que essas medidas
governamentais têm um efeito muito importante. "Já está provado que
uma singela medida (a lei que proíbe fumo em ambientes públicos)
provocou mudanças positivas. Os malefícios do cigarro não atingem
somente quem fuma, mas todo o ambiente. O dependente do cigarro é um
dos mais difíceis de serem tratados: o produto é barato, não se fuma
escondido, porque é legalizado, pode-se comprar fiado e a indústria
ainda utiliza artifícios para iludir os consumidores, como as versões
light", alerta.

Já o pneumologista Murilo Guimarães diz que, depois da implantação da
lei, mais pacientes procuram os consultórios, dispostos a deixar de
fumar. "Desde a década de 80 lutávamos por isso." ( Por Amanda
Tavares, do JC Online)

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