domingo, 5 de setembro de 2010

BATALHA ELEITORAL





SAÚDE É DESTAQUE NOS GUIAS

 
O tema Saúde esteve no foco das eleições de 2006, quando o então candidato a governador pelo PSB, Eduardo Campos, prometeu ampliar a rede de atendimento, inclusive com novos hospitais. Foi criticado até por pessoas que, atualmente, estão na sua base de apoio. Venceu a disputa e tirou do papel as promessas. Na campanha deste ano, o socialista promete clínicas de especialidades e o candidato peemedebista, senador Jarbas Vasconcelos, fala em implantar hiperclínicas no Estado. O interesse pela saúde é sintomático pelo fato de estar entre as principais reclamações dos cidadãos, não só em Pernambuco, mas nacionalmente.

 A doméstica Alzinete Francisca, 49 anos, e a sobrinha, Clarisse Rocha, 33, viveram, num mesmo episódio, o sofrimento e a tranquilidade de um atendimento hospitalar. O marido de Alzinete sofreu um acidente com moto, na noite do dia 30 de agosto. Foi levado pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital da Restauração (HR), no Recife, para onde corre a maioria dos doentes e acidentados do Estado. Deu entrada às 20h30 e passou a noite aguardando atendimento. Após um exame de raio-x, foi encaminhado ao Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista, especializado em atendimento ortopédico. No acidente, a vítima fraturou a perna esquerda.


Assim que deu en­tra­da no HMA, o ma­ri­do da do­més­ti­ca foi aten­di­do de pron­to e antes das 14h es­ta­va na sala de ci­rur­gia. Depois da noite com­pli­ca­da que viveu nos cor­re­do­res do HR, Clarisse quer que os can­di­da­tos ao Governo de Pernambuco se com­pro­me­tam com a hu­ma­ni­za­ção do ser­vi­ço mé­di­co es­ta­dual. "Ninguém dava aten­ção, o meu tio no meio do cor­re­dor, numa maca no chão, com a perna san­gran­do, para de­pois de uma noite in­tei­ra ser en­ca­mi­nha­do para um hos­pi­tal como este, onde o aten­di­men­to foi rá­pi­do. Os mé­di­cos nos ex­pli­ca­ram tudo e os exa­mes foram fei­tos ime­dia­ta­men­te", con­tou Clarisse que, acom­pa­nha­da de Alzinete, aguar­da­va o tér­mi­no da ci­rur­gia na en­tra­da do hos­pi­tal. "Os mé­di­cos lá na Restauração nem se­quer olham na nossa cara. Um hor­ror, um ce­ná­rio de guer­ra", re­su­miu Clarisse.


Novidade que che­gou cau­san­do po­lê­mi­ca elei­to­ral, as Unidades de Pronto Aten­dimento (UPAs) estão na mira da po­pu­la­ção. A da Imbiri­beira vive lo­ta­da. Os que pro­cu­ram aten­di­men­to e con­se­guem che­­gar à sala dos mé­di­cos con­tam que o aten­di­men­to é bom, mas re­cla­mam da es­pe­ra. "O que eu que­ro é um go­ver­nan­te que re­sol­va o pro­ble­ma das filas nos hos­pi­tais e nas UPAs, por­que quem está doen­te não pode es­pe­rar", re­cla­mou Amilton Paulo, 20 anos, au­xi­liar de es­cri­tó­rio, que aguar­da­va aten­di­men­to.


Dados do Ministério da Saú­de, pu­bli­ca­dos pelo sis­te­ma Datasus, mos­tram que o nú­me­ro de con­sul­tas mé­di­cas por ha­bi­tan­te em Pernambuco ainda é de­fi­cien­te, fi­gu­ran­do abai­xo da média na­cio­nal - a mais re­cen­te é de 2005, apon­tan­do 2,55 con­sul­tas por ha­bi­tan­te. Em Pernambuco dados do mesmo ano mos­tram uma média de 2,33 con­sul­tas por ha­bi­tan­te. Des­de então, a mé­dia es­ta­dual vem cain­do. Em 2006, foi de 2,28 e 2,31, no ano se­guin­te.


Especialista em Saúde Cole­tiva, o pro­fes­sor da Univer­sidade de Pernambuco (UPE) Luís Oscar Ferreira aler­ta os can­di­da­tos para uma nova mo­da­li­da­de de doen­ça que deve atin­gir os bra­si­lei­ros nos pró­xi­mos anos: a obe­si­da­de. Fer­reira ex­pli­ca que o so­bre­pe­so pro­vo­ca vá­rias en­fer­mi­da­des re­la­cio­na­das, tais como as car­dio­vas­cu­la­res e de ar­ti­cu­la­ções que pre­ci­sam ser com­ba­ti­das pre­ven­ti­va­men­te.


"Nós con­se­gui­mos re­sol­ver par­cial­men­te, mas em uma pro­fun­di­da­de ra­zoa­vel­men­te boa, a ques­tão da des­nu­tri­ção, que não exis­te mais como pro­ble­ma de Saúde Pública. Saímos da des­nu­tri­ção e en­tra­mos na era da obe­si­da­de, que é uma má nu­tri­ção por ex­ces­so, não por es­cas­sês. Precisamos nos preo­cu­par for­te­men­te com o pro­ble­ma da obe­si­da­de, que é um pro­ble­ma de Saúde Pública, não só por ela, mas pelos pro­ble­mas que traz. Nossos prin­ci­pais pro­ble­mas na Saúde são os car­dio­vas­cu­la­res e neo­pla­sias (cân­ce­res), só que a obe­si­da­de con­tri­bui com isso", ar­gu­men­ta.( Por Bruna Serra e Beatriz Galvez, na Folha Online)

 


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