terça-feira, 14 de setembro de 2010

SAÚDE

SUPERLOTADA NOVA ALA DO HR


Emergência clínica, inaugurada em junho, opera com o dobro da
capacidade. Amanhã, quarta-feira dia 15, médicos vão pedir que entrada
de novos pacientes seja limitada

Mesmo com a inauguração de dois novos hospitais no Grande Recife, um
em Paulista e outro no Cabo de Santo Agostinho, e a construção de dez
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), o projeto do Estado para
desafogar as grandes emergências não deu certo até agora. Segundo
denúncias de médicos que trabalham na emergência clínica do Hospital
da Restauração, inaugurada em junho, a urgência virou enfermaria e
opera com o dobro da capacidade. "O índice de mortalidade é altíssimo.
Temos, aproximadamente, capacidade de 80 leitos e mais de 160
pacientes", assegurou um médico que trabalha no local. Levantamento de
um grupo de neuroclínicos, realizado no primeiro mês de funcionamento,
indicou 120 óbitos em apenas 20 dias. Amanhã à noite, os médicos
realizam assembleia para solicitar interdição da unidade para novos
pacientes até que a situação seja normalizada.
"A situação é terrível. A nossa proposta é fechar a unidade para poder
atender todos os pacientes. Só após a situação voltar à normalidade, a
emergência clínica seria reaberta. Isso vai ser decidido na
assembleia", informou um dos médicos do HR. Ele não quis se
identificar por temer algum tipo de represália. O mesmo profissional
declarou que a sala vermelha da unidade de tratamento intensivo (UTI),
onde ficam os doentes neurológicos mais graves, com capacidade para 10
pacientes, chegou a ficar com 20. Ontem, conforme a Secretaria
Estadual de Saúde, havia 17.

A Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de
Saúde (Aduseps) comunicou, ontem pela manhã, que, das 58 pessoas que
estavam na fila para uma vaga de UTI no Estado, 30 esperam no HR.

A entidade ressaltou que uma das situações mais graves é a do paciente
Carlos Ferreira, 48 anos. Ele espera, na sala de recuperação do
hospital, uma vaga há 13 dias.

O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Sílvio
Rodrigues, alertou que, devido à lotação, o oxigênio chega ao
respirador dos pacientes com uma pressão menor. "O resultado é que,
com esta sobrecarga toda, a mortalidade aumentou. Por isso, estamos
bastante atentos a esta situação. Vamos realizar uma assembleia para
debater o assunto", explicou Sílvio Rodrigues.

A escala da nova unidade é outro problema. O plantão do sábado e
domingo pela manhã, por exemplo, só conta com dois clínicos. Na escala
original, havia mais dois profissionais. "Com esta demanda que estamos
tendo precisávamos de, pelo menos, oito clínicos", afirmou um
neuroclínico do HR.

DEMISSÃO

Ele explicou que alguns médicos já pediram demissão por não suportar
trabalhar nestas condições. "Esses dois já solicitaram demissão e
estão desfalcando o plantão." Os médicos denunciam que, mesmo
inaugurada em junho, já existem doentes na unidade sendo atendidos no
corredor. ( Informações do JC Online)

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