terça-feira, 21 de setembro de 2010

AUSÊNCIA DE DILMA PERMEIA DEBATE SOBRE O NORDESTE

A au­sên­cia da pre­si­den­ciá­vel Dilma Rousseff (PT) do de­ba­te
rea­li­za­do, ontem, pelo SBT Nordeste, com pos­tu­lan­tes à
Presidência da República, per­meou todo o pro­gra­ma. Cada um dos
par­ti­ci­pan­tes - José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de
Arruda Sampaio (PSOL) - se re­veza­ram no ata­que ao que cha­ma­ram de
"des­res­pei­to e in­gra­ti­dão" da pe­tis­ta com o povo
nor­des­ti­no, além de atri­bui­rem a ela os sen­ti­men­tos "de
re­ceio e medo" de en­fren­tar ques­tio­na­men­tos sobre o
es­cân­da­lo de trá­fi­co de in­fluên­cia que der­ru­bou a
ex-mi­nis­tra Erenice Guerra do co­man­do da Casa Civil. Con­duzido
pelo jor­na­lis­ta Carlos Nasci­men­to, o pro­gra­ma - que se
ca­rac­te­ri­zou pela pro­pos­ta de dis­cu­tir ques­tões
es­pe­cí­fi­cas da re­gião - tam­bém foi mar­ca­do por mo­men­tos
cu­rio­sos, re­ple­tos de pro­vo­ca­ções pro­ta­go­ni­za­das, em sua
maio­ria, pelo pos­tu­lan­te pso­lis­ta.

Em todos os blo­cos, os can­di­da­tos rea­fir­ma­ram pro­mes­sas que
as­su­mi­ram du­ran­te o pro­ces­so elei­to­ral. No pri­mei­ro bloco,
Serra, que deu o pon­ta­pé in­cial nas crí­ti­cas à au­sên­cia de
Dilma, vol­tou a apre­sen­tar a pro­pos­ta da ele­va­ção do sa­­lá­rio
mi­ní­mo ao valor de R$ 600. Já Plínio e Marina apa­re­ce­ram, nesse
bloco, no pri­mei­ro pe­que­no em­ba­te entre os pos­tu­lan­tes. O
pso­lis­ta ques­tio­nou a pas­sa­gem da verde pelo Mi­nis­tério do
Meio Ambiente, quan­­do, se­gun­do ele, a se­na­do­ra teria
aban­do­na­do ban­dei­ras que de­fen­de­ra an­te­rior­men­te como a
"re­vi­ta­li­za­ção real" do Rio São Francis­co. Em res­pos­ta, Marina
cha­mou Sampaio de "de­sin­for­ma­do".

No se­gun­do bloco, em meio a per­gun­tas di­ri­gi­das por
jor­na­lis­tas do SBT, Plínio vol­tou a des­fe­rir suas ti­ra­das. O
pso­lis­ta, que em vá­rias pas­sa­gens se mos­trou in­co­mo­da­do com
a for­ma­ta­ção do pro­gra­ma, pro­vo­cou os dois ou­tros
par­ti­ci­pan­tes, atri­buin­do a seus par­ti­dos li­ga­ções com
fi­gu­ras en­vol­vi­das em epi­só­dios de cor­rup­ção. Ponto
re­jei­ta­do pelo tu­ca­no, que lem­brou que ne­nhum dos nomes
ci­ta­dos pelo pso­lis­ta - os se­na­do­res Fernan­do Collor (PTB-AL),
José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL) - o ­apoiam neste
plei­to.

Até o se­na­dor Marco Maciel (DEM), que foi pres­ti­giar José Serra na
pla­teia do de­ba­te, foi com­ba­ti­do por Plínio. Ele disse que o
de­mo­cra­ta sim­bo­li­za­va uma oli­gar­quia que se man­tém no poder
atra­vés dos anos. Fala cri­ti­ca­da de pron­to por Serra.

O ter­cei­ro bloco abri­gou as di­cus­sões mais pro­po­si­ti­vas do
de­ba­te. Marina cen­trou a Educação como o setor que deve re­ce­ber
os maio­res in­ves­ti­men­tos. José Serra pro­me­teu ações em Saúde,
como a im­ple­men­ta­ção de uma rede de po­li­clí­ni­cas. Já Plínio
sur­preen­deu com a de­fe­sa da le­ga­li­za­ção da ma­co­nha como
me­ca­nis­mo para o com­ba­te ao trá­fi­co de dro­gas.

No úl­ti­mo mo­men­to do pro­gra­ma, os can­di­da­tos res­pon­de­ram
ques­tões ela­bo­ra­das por in­ter­nau­tas sobre Saúde, Sane­a­mento e
Educação. Todos rea­fir­ma­ram pro­mes­sas de am­plia­ção de
in­ves­ti­men­tos nos se­to­res e Serra pro­me­teu a cria­ção do 13º
pa­ga­men­to anual do Bolsa Família.

Propostas para o NE ficam em segundo plano

Com o ob­je­ti­vo de de­ba­ter os pro­ble­mas es­pe­cí­fi­cos da
re­gião Nordeste, o en­fren­ta­men­to de ontem dos pre­si­den­ciá­veis
não cum­priu seu pro­pó­si­to. Os três pos­tu­lan­tes que
com­pa­re­ce­ram ao en­con­tro, José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e
Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) não apre­sen­ta­ram se­quer uma
pro­pos­ta para aten­der a de­man­das es­pe­cí­fi­cas da re­gião, como
o baixo ín­di­ce de sa­nea­men­to bá­si­co, ao anal­fa­be­tis­mo entre
ou­tras ques­tões.

O único que en­saiou uma pro­pos­ta mais es­pe­cí­fi­ca para re­gião
foi o tu­ca­no José Serra, que, mesmo após o pro­gra­ma, não en­trou
em de­ta­lhes de como fun­cio­na­rá a Secre­taria do Semiárido. O
pre­si­den­ciá­vel não es­cla­re­ceu o fun­cio­na­men­to da pasta. "A
Sudene é o órgão que teo­ri­ca­men­te de­ve­ria dar orien­ta­ção aos
in­ves­ti­men­tos. Então vamos levar a Sudene para a Presidência da
República para fazer toda essa re­for­mu­la­ção, se con­clui­re­mos
pela cria­ção de um órgão su­bor­di­na­do à Sudene ou
in­de­pen­den­te. Isso é uma ques­tão que terá de ser re­sol­vi­da ao
longo dos pri­mei­ros meses de go­ver­no", afir­mou.

Entretanto, foi a pro­pos­ta de criar um 13º sa­lá­rio para o
pro­gra­ma Bolsa Família que cau­sou in­quie­tu­de aos ad­ver­sá­rios.
Com o en­cer­ra­men­to do em­ba­te, ambos se ocu­pa­ram de re­cha­çar
a pro­pos­ta, clas­si­fi­ca­da como "elei­to­rei­ra". "Sinceramente
tenho mui­to medo quan­do as pes­soas vão para o vale-tudo
elei­to­ral, aí o pro­mes­sô­me­tro não tem li­mi­tes. Não co­nhe­ço a
base dessa pro­pos­ta, mas pelo vo­lu­me de crí­ti­cas que eram
fei­tas antes (ao ­pro­gra­ma) e a mu­dan­ça re­pen­ti­na, não sei se
é digna de cre­di­bi­li­da­de" cri­ti­cou Marina.

Plínio fez duras crí­ti­cas ao pro­gra­ma que aten­de a 6,3 mi­lhões
de fa­mí­lias no Nor­deste. "A trans­fe­rên­cia de renda feita hoje
pelo Bolsa Família é mí­ni­ma dian­te do 'bolsa ­banqueiro'. Então
au­men­tar um pa­ga­men­to não sig­ni­fi­ca que será po­si­ti­vo. O
povo não gosta do Bolsa Fa­mília, o povo se vê obri­ga­do",
con­tra-ata­cou o pso­lis­ta.

Clima distinto nos bastidores da televisão

A can­di­da­ta do PV à Presi­dência da República, Marina Silva, foi a
pri­mei­ra a che­gar no es­tú­dio da TV Jornal, se­gui­da de Plínio de
Arruda Sam­paio, can­di­da­to do PSOL, e do tu­ca­no José Serra. Do
lado de fora, um pe­que­no nú­me­ro de mi­li­tan­tes do PSDB
aguar­da­va o ex-go­ver­na­dor de São Paulo, que che­gou mi­nu­tos
antes do iní­cio do em­ba­te e foi re­ce­bi­do com festa. O
can­di­da­to ao Governo de Per­nambuco, Jarbas Vasconcelos (PMD), e o
se­na­dor Marco Maciel (DEM) as­sis­ti­ram ao de­ba­te nos
bas­ti­do­res do es­tú­dio. Os dois tam­bém foram ova­cio­na­dos pelos
mi­li­tan­tes ao che­ga­rem ao local. O pre­si­den­te do PSDB
na­cio­nal, Sérgio Guerra che­gou após Serra e não as­sis­tiu ao
em­ba­te ao lado de Jarbas, fi­can­do sen­ta­do do lado opos­to ao
pee­me­de­bis­ta, no au­di­tó­rio. E nem nos in­ter­va­los che­gou a
con­ver­sar com o alia­do.

No se­gun­do bloco do de­ba­te, o can­di­da­to Plínio de Arru­da
Sampaio re­cla­mou das pla­cas de con­tro­le do tempo para per­gun­tas
e res­pos­tas. Ele disse que as mes­mas o dei­xa­vam con­fu­so e pediu
para re­ti­rá-las. No in­ter­va­lo, a pro­du­ção re­sol­veu re­ti­rar
as peças e uti­li­zar ape­nas o cro­nô­me­tro, mas man­te­ve as
in­di­ca­ções das pla­cas para Marina e Serra, a pe­di­do de am­bos. A
cada in­ter­va­lo, os as­ses­so­res in­va­diam o es­pa­ço dos
can­di­da­tos para re­co­men­da­ções, ob­ser­va­ções e munir os
pos­tu­lan­tes de in­for­ma­ções. Enquanto o can­di­da­to ao Governo
pelo PSOL, Edilson Silva, pres­ta­va "au­xi­lio" a Plínio,
as­ses­so­res aju­da­vam Marina e José Serra.

Fora do ar, Plí­nio re­cla­ma­va por não ter tempo su­fi­cien­te para
con­cluir suas res­pos­tas e seus co­men­tá­rios. O can­di­da­to, por
vá­rias vezes, ar­ran­cou risos da pla­teia e até dos con­cor­ren­tes
com suas re­cla­ma­ções e ob­ser­va­ções. Ne­nhuma ce­leu­ma ocor­reu
nos bas­ti­do­res do em­ba­te. O cli­ma per­ma­ne­ceu tran­qui­lo do
iní­cio ao fim. Os can­di­da­tos tra­ta­ram-se cor­dial­men­te. Marina
pas­sou todo o de­ba­te em pé, en­quan­to Serra e Plínio, nos
mo­men­tos em que não apa­re­ceiam no vídeo, apro­vei­ta­vam para
sen­tar. Só le­van­ta­vam no mo­men­to de res­pon­der aos
ques­tio­na­men­tos.

Marina: Governo não aprendeu com erros

Candidata do PV à Presidên­cia da República, Marina Silva vol­tou a
co­brar ontem in­ves­ti­ga­ção ri­go­ro­sa da Polícia Fede­ral, do
Ministério Público e do Tri­bunal de Contas da União nas
in­ves­ti­ga­ções das de­nún­cias de cor­rup­ção na Casa Civil e nos
Correios. Durante curta ca­mi­nha­da pelo cen­tro do Recife, no
iní­cio da tarde, a se­na­do­ra lem­brou que a ex-mi­nis­tra e
pre­si­den­ciá­vel Dilma Rousseff (PT) as­su­miu a pasta em meio a um
es­cân­da­lo de trá­fi­co de in­fluên­cia. "Como é que nós ti­ve­mos
um caso grave, em 2005, de acu­sa­ção de men­sa­lão den­tro da Casa
Civil e pro­vi­dên­cias não foram to­ma­das para evi­tar no­va­men­te
a re­pe­ti­ção de casos gra­ves", dis­pa­rou Marina.

Para a pre­si­den­ciá­vel, o Go­ver­no Lula tem por há­bi­to focar
ape­nas nas coi­sas po­si­ti­vas e "não tem cui­da­do dos pro­ble­mas
le­van­do a re­pe­ti­ção dos mes­mos erros". "Temos que apren­­der com
o erro para que ele não se re­pi­ta. E como se faz isso? Prevenção ao
des­per­dí­cio, ao trá­fi­co de in­fluên­cia e cor­rup­ção. Isso
in­di­ca que você tem uma ati­tu­de com­pe­ten­te para apren­der com
os erros", disse. Mesmo dian­te de su­ces­si­vos es­cân­da­los no
Governo do PT, Marina vol­tou a dizer que não par­ti­ci­pará do "vale
tudo" elei­to­ral.

Apesar das re­cen­tes pes­qui­sas elei­to­rais in­di­ca­rem vi­tó­ria
no pri­mei­ro turno da pre­si­den­ciá­vel do PT, Dilma Rousseff,
Marina Silva ainda acre­di­ta numa vi­ra­da na reta final de
cam­pa­nha. "Vejo um mo­vi­men­to muito forte nas ruas para me levar
para o se­gun­do turno. Tenho e cer­te­za que, no dia 3 de ou­tu­bro,
o Brasil terá uma gran­de sur­pre­sa", disse. Para a verde, "o que
exis­te nas ruas é muito maior do que os re­sul­ta­dos das
pes­qui­sas".

Acompanhada do can­di­da­to ao Governo do Estado Sérgio Xa­vier da
mi­li­tân­cia verde e de­mais in­te­gran­tes da chapa ma­jo­ri­tá­ria,
a can­di­da­ta che­gou à praça Maciel Pinheiro, por volta das 13h, e
deu iní­cio ao ato cum­pri­men­tan­do co­mer­cian­tes e ven­de­do­res
da rua da Imperatriz. A re­cep­ção foi ca­lo­ro­sa e mui­tos
(evan­gé­li­cos) re­ve­la­ram que estão oran­do pela can­di­da­ta. (
Da Folha Online)

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