terça-feira, 28 de setembro de 2010

MÉDICOS DE MENTIRINHA

Não existe mais graça nenhuma em abusar do provérbio "de médico e
louco todo mundo tem um pouco", porque a conta desta brincadeirinha já
vai em cerca de 20 mil pessoas mortas, no Brasil, por ano, vítimas da
automedicação, uma mania perigosa que foi irreponsavelmente
considerada como traço cultural. Gente acostumada a desmistificar
temas complicados da medicina, como o médico Dráuzio Varella, já
alertaram para a gravidade de se consumir até o remédio aparentemente
mais inofensivo. Ele não existe, garantem especialistas preocupados
com o hábito dos brasileiros, sobretudo os menos informados, de viver
prescrevendo isso e aquilo para Deus e o mundo.

Atualmente, por trás do "fenômeno" pode estar a péssima relação que se
estabeleceu entre médicos e pacientes, desde quando uma consulta
passou a não levar mais do que pobres cinco minutos, gastos sem sequer
o "doutor" se dignar a erguer os olhos em direção ao paciente. Na rede
pública, além deste, outro fator que pode desestimular uma consulta ao
médico, único capaz deprescrever o remédio correto, é o trabalho para
conseguir chegar até ele. Para quê, se existe o balconista da
farmácia, outro metido a entender de doenças sem nunca ter pisado na
faculdade de medicina? Na tentativa de colocar cada macaco no seu
galho e os pingos nos iis, um projeto da UFPE cria a Cartilha de
orientação para o uso correto de medicamentos, que será lançada no dia
1º. Só não vai ter uma repercussão maior, porque não vem acompanhada
de uma campanha, outra falta que só ajuda na perpetuação do tal
provérbio. ( Por Luce Pereira, da coluna Diario Político)

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