terça-feira, 28 de setembro de 2010

A ESPERANÇA DO PRIMEIRO VOTO

Com um título de eleitor em mãos e a certeza de que o voto é
importante para decidir os rumos do país, no dia 3 de outubro, Thaís
Rayane de Lima vai às urnas pela primeira vez. Ela poderia ter
esperado mais, afinal, o voto é obrigatório apenas aos 18 anos e Thaís
ainda tem 16. Mesmo assim, quando completou idade de tirar o título,
em novembro do ano passado, fez questão de ir até um cartório
eleitoral fazer o alistamento.

"Eu sempre quis votar porque sei que, apesar de ser só um voto, ele é
capaz de fazer a diferença. Se eu não me expresso, quem está no
governo não vai e representar", explica. Decidida, a estudante
secundarista entra para o grupo dos 135,8 milhões eleitores
brasileiros, 51,8% dos quais, mulheres. Os dados são do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e também revelam que 51% dos eleitores com 16
anos são mulheres.

Quem acompanhou a jovem para tirar o título foi a mãe, Rosemere
Freitas, que tem papel importante na formação da consciência política
de Thaís. "Minha mãe sempre me disse que devemos lutar pelos nossos
direitos, mas nunca esquecer os nossos deveres. O voto é um dever para
que possamos garantir direitos", diz a moça, mostrando que aprendeu
bem a lição. Mas os ensinamentos da mãe, não pararam por aí. Quando
perguntada se estava ansiosa ou com medo de usar a urna pela primeira
vez, Thaís sorriu com confiança. "Nem um pouco, minha mãe já me
ensinou a usar a máquina."

Durante a tarde, Thaís cursa o 1º ano do segundo grau na escola Maciel
Pinheiro, na Torre, bairro onde mora com os pais e quatro irmãos.
Adora História, estuda Matemática porque precisa. Gosta de ler e ama
escrever, principalmente poesias. Ela se diz estudiosa na "medida
certa". "Não sou nerd nem CDF", faz questão de frisar. Vaidosa, não
abre mão do lápis de olho e dos cuidados com o cabelo, mas afirma que
não é namoradeira. "Meu pai é policial e bravo demais", comentou
arregalando os olhos, como quem deixa o aviso: "cuidado, garotos!".

O dia da jovem começa cedo. Ela sabe que precisa ter os pés no chão e
se esforçar para realizar os sonhos que guarda. Todo dia pela manhã,
vai para a Casa de Passagem, em Santo Amaro, onde faz um curso
profissionalizante de Marketing, Vendas e Empreendedorismo. A ideia é,
assim que terminar a escola, começar a trabalhar na área de vendas
para juntar dinheiro e, então, passar no vestibular. "Meu sonho é
cursar Direito, mas, como sei que é difícil, resolvi fazer esse curso
técnico para arrumar um emprego, juntar dinheiro e, assim, ingressar
na faculdade. Quero ser juíza."

Com vontade de conquistar o mundo, o que ela quer é um país com mais
oportunidade para os jovens. "Não adianta os políticos ficarem dizendo
que vão diminuir a violência se não dão educação para os jovens,
principalmente nas comunidades". De acordo com a estudante, apesar de
existirem cursos, a maioria fica longe e é de difícil acesso, dois
aspectos que não apenas
desmotivam, como também dificultam a qualificação dos jovens. E ela
sabe: "Hoje quem não estuda e não se qualifica não tem oportunidade".

ELEITORA DO FUTURO

Thaís assiste ao guia eleitoral, e até gosta. "Quando vejo que vai
começar, corro para ver", comenta. Ela, no entanto, faz parte de um
grupo de eleitores para quem a internet é decisiva na hora de escolher
o candidato. Como a maioria dos jovens, se diz "viciada" em internet.
Tem MSN, Orkut, fotolog. Está entre os 42% da população brasileira com
mais de 10 anos que acessa a rede. Dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) 2009 mostram, ainda, que deste universo,
a maior parcela é formada, justamente, por pessoas como Thaís, isto é,
mulheres entre 15 e 17 anos.

Mais do que TV e jornais impressos, é através da internet que ela se
mantém informada. Para isso, acessa diariamente blogs e sites de
notícias. "Prefiro ler as notícias na internet. É mais rápido, fico
sabendo das coisas na hora em que acontecem. Além disso, posso sempre
saber de mais detalhes, basta sair clicando", justificou.

A avidez por querer "saber de mais detalhes" tem peso também na
formação política da estudante. Foi "clicando" que ela decidiu em quem
ia votar. "Pesquisei a vida dos políticos em quem pensei em votar.
Desde candidato a presidente até senador. Agora faltam apenas os
deputados, mas já comecei." Para as pesquisas ela descobriu "um site
bacana que dá pra ver toda a ficha dos políticos". É o site da Ficha
Limpa, que ela viu em uma propaganda da TV. Outro meio usado por ela é
a consulta aos sites de pesquisa "coloco o nome do candidato no Google
e (novamente) saio clicando". ( Do diariodepernambuco.com.br)

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