domingo, 23 de janeiro de 2011

RECIFE E RIO: DRAMAS IGUAIS

Relevo mais suave, colinas mais arredondadas e estáveis fazem toda a
diferença quando se comparam os morros da Região Metropolitana do
Recife com as serras do Rio de Janeiro. Composta de pedras cobertas
por sedimentos, com relevo mais agudo e instáveis, a região serrana
carioca está mais sujeita a deslizamentos.

"É a natureza buscando seu equilíbrio, num processo natural", diz a
geóloga Margareth Alheiros, professora da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). O deslizamento das montanhas no Rio de Janeiro diz
ela, é um evento geológico, que aconteceria de todo jeito, com ou sem
casas construídas no lugar. "O evento geológico só vira desastre
quando há moradia no caminho, em áreas inadequadas", explica.

Os morros do Grande Recife, por sua vez, são considerados maduros.
Isso significa que a colina já caiu o que tinha de cair, no processo
natural. Sendo assim, a água de chuva bate, escorre e não tem mais o
que arrastar. Então, por quê as barreiras continuam desabando na
região metropolitana? "Nesse caso não é mais um processo natural, é a
forma de ocupação inadequada dos morros. Aqui, se morre por causa
disso", responde a professora.

Um dos principais vilões é o corte vertical da barreira, que tira a
estabilidade da colina. O corte é feito para se criar terreno, onde
são construídas as casas. A distância entre a moradia e a colina é
outro problema. "Numa barreira de três metros de altura, por exemplo,
a casa deveria ficar a três metros de distância do pé do morro. Numa
queda de barreira, o imóvel não seria atingido", comenta Margareth
Alheiros.

Ela sugere a criação de regras para ocupação das colinas, como
acontece com a parte plana da cidade. "Morro é terra de ninguém. É
preciso uma política de ocupação do solo, que depois seja transformada
numa lei focada na redução de riscos." Também propõe uma força-tarefa
para realização de planos de contingência, envolvendo universidades e
governos.

Nas áreas planas, ocupações irregulares das margens dos rios e o
crescimento das cidades, com impermeabilização do solo são os
principais responsáveis pelas inundações. Além de tirar as famílias
ribeirinhas e implantar no local equipamentos públicos de lazer, a
engenheira e especialista em recursos hídricos Susana Montenegro,
professora da UFPE, faz outras recomendações.

"Não há uma solução única para o controle das enchentes urbanas. São
necessárias barragens de contenção de cheias, uso de pavimento
permeável nas ruas e criar reservatórios de detenção, que acumulam
água e liberam lentamente para o sistema convencional de drenagem",
diz Susana, diretora de Regulação e Monitoramento da Agência
Pernambucana de Águas e Climas.

Segundo ela, estão em andamento projetos para dragagem (retirada do
excesso de areia) do Bacia do Rio Beberibe, com recuperação das
margens, e de revitalização da Bacia do Rio Capibaribe, com
saneamento, dragagem e tratamento das margens.
( Do JC Online )

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