quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

MISTÉRIO

PACIENTE EM COMA DESAPARECE DO HR

Vítima de acidente com moto, José Marcondes Gomes sumiu na noite de
segunda-feira da Unidade de Trauma. Direção do hospital, no Derby, diz
que realiza buscas no prédio para localizar o doente.

Um agricultor vítima de acidente com moto, de 27 anos, que aguardava
transferência para a UTI e, segundo denúncia, estava em coma,
desapareceu na noite de segunda-feira da Unidade de Trauma da
emergência do Hospital da Restauração, no Recife, onde deu entrada no
último dia 11. A ausência de José Marcondes Gomes, morador de
Itapetim, Sertão, foi notada pela esposa, Ana Cleide Bezerra, por
volta das 20h. Três horas antes ela havia visitado o marido na mesma
unidade. "Ele estava no soro, só com fralda descartável, desacordado,
respirando com dificuldade e tremendo de frio", relatou.

Na tarde de ontem, o hospital confirmou ao JC, por meio da sua
assessoria de imprensa, que estava realizando buscas em todos os
setores para localizar José Marcondes e prestar esclarecimentos à
família. Às 18h45, o diretor-médico, João Veiga, informou que a
enfermagem havia localizado o prontuário, no qual constava a evasão do
doente. "Vou analisar o prontuário amanhã (hoje) para saber se é a
mesma pessoa. Ninguém desacordado foge. Pode haver homônimos ou troca
de documentos", disse, garantindo que tudo será averiguado.

"Quero que deem conta do meu marido. Um homem naquele estado não tinha
condições de sair andando", disse Ana Cleide. Desde que ele deu
entrada no HR, Cleide nunca o encontrou desacordado. Marcondes caiu de
uma ponte com a moto e sofreu pancada na cabeça, motivo do
encaminhamento ao HR. "Um neurologista me disse que o estado era
grave, que ele precisava de UTI."

Ao saber do fato pela imprensa, a Promotoria da Saúde do Ministério
Público Estadual encaminhou ofício à direção do HR, cobrando o
paradeiro do doente. "O hospital é responsável por ele", enfatizou a
promotora Daíza Cavalcanti. Segundo ela, episódio parecido ocorreu
este mês. "A família chegou para a visita e não encontrou mais o
doente. Ele tinha morrido e o corpo foi enviado ao Serviço de
Verificação de Óbito sem que os parentes tivessem sido avisados."

Ao dar por falta do marido, Ana Cleide peregrinou pelas dependências
do maior hospital de neurocirurgia do Nordeste na noite de
segunda-feira. "Ninguém sabia explicar para onde ele tinha sido
levado. De manhã (ontem), fui até a direção do hospital e disseram que
eu deveria continuar procurando. Um funcionário chegou a dizer que o
nome do meu marido constava na lista da UTI Geral Cirúrgica, mas não o
encontrei", contou.

Carlos Freitas, ouvidor da Associação de Defesa dos Usuários
(Aduseps), viu José Marcondes na tarde de segunda-feira na Unidade de
Trauma, entre cerca de 40 pacientes. "Ele tinha um TCE (trauma
cranioencefálico) e estava em coma induzido", contou. Carlos foi
procurado naquela tarde pela esposa de José Marcondes, que pedia apoio
para conseguir a transferência do marido a uma UTI. "Fomos até a
diretoria médica do hospital, onde a recepcionista pediu o prontuário
de José Marcondes. Daí procuramos a enfermagem no Trauma". Segundo o
ouvidor, o nome de José Marcondes contava na lista dos que aguardam
UTI, divulgada pela Central de Leitos do Estado. José Marcondes é
moreno, magro e tem cabelo cacheado.

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