sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

OBESIDADE

"AGORA É VOLTAR A TRABALHAR"

Vendedor já teve 298 quilos, mas agora, junto com a família, quer
retomar rotina

Hoje, nove dias depois de se submeter a uma cirurgia de redução de
estômago, o vendedor autônomo Orlando Pinheiro, 45, completou exatos
sete meses de internação no Programa de Prevenção e Con­trole da
O­be­sidade do Hos­pital dos Servidores do Estado (HSE). Durante a
passagem da Fol­ha pelo hospital, chamaram atenção os comentários dos
funcionários sobre Orlando. "A reportagem é sobre o Orlando? A­quele
cara é muito gente boa mesmo", disse, já na entrada, o vigia do HSE. O
acessorista também comentou. "Mas esse rapaz é muito simpático, não
é?".

Esses comentários mostram o longo tempo de luta de Orlando. Ele chegou
ao hospital com 298 quilos e se submeteu à cirurgia bariátrica com 230
quilos. Nesse período, aqueles que trabalham no local se tornaram
amigos de Orlando. O também chamou a atenção foi a simpatia do
paciente, que não se intimida diante dos problemas. "Foi um processo
muito tranquilo. Confiei plenamente nos médicos. Hoje, além de estar
no caminho pa­ra recuperar a saúde, fico feliz em saber que não serei
mais alvo de tanto pre­conceito. Agora, é voltar a trabalhar, curtir a
esposa e viver a minha vida", previu.

A perspectiva é que nos próximos dias, o paciente perca até 15 quilos,
já que ficou com apenas 10% do estômago. Por enquanto, Orlando está
tomando 50 mililitros de líquidos como sucos, leite e caldo de
verduras de hora em hora. Nos próximos dias, o intervalo deve ser de
15 minutos. Por fim, ele chegará ao ponto em que conseguirá se
alimentar com porções de 100 a 120 gramas. "É preciso que o paciente
entenda que a cirurgia cria uma situação para que ele aproveite. O
procedimento ajuda em 60% a 70%, mas o resto tem que ser força de
vontade", explicou o chefe da Clínica Cirúrgica do HSE, Marconi Meira.

O cirurgião bariátrico responsável por Orlando, Gilberto Pagnossin,
explicou que o caso de seu paciente chama atenção porque, como ele
pesava quase 300 quilos, era perigoso submetê-lo a uma cirurgia e por
isso foi necessária a sua internação para que ele conseguisse chegar
às condições de saúde ideais para realizar o procedimento. Para
recebê-lo, o quarto passou por uma reforma e agora se encontra em
situação adequada para acolher outros pacientes como ele. A previsão é
que Orlando receba alta no final deste mês.

A esposa de Orlando, a professora Ana Lídia Félix, 43, acompanhou o
marido durante todo o processo. Desde que ele se operou, sua vida se
divide apenas entre o marido e o trabalho. Agora, espera levar uma
vida tranquila. "Gostávamos muito de ir para festas e espero voltar a
me divertir como antes. Em uma época, quando íamos a alguns eventos,
tinha que ir previamente no bufê para saber se eles teriam cadeiras
que suportassem Orlando. Alguns eram legais e dis­ponibilizavam a
mobília reservada para ele. Em outros casos, não íamos ao lugar".

Saiba mais

O Programa de Pre­ven­ção e Controle da Obesidade do HSE funciona há
seis anos e foi criado pelo cirurgião bariátrico Gilberto Pagnossin.
Atual­mente, a média de cirurgias é de um paciente por semana. Mais de
150 pessoas já realizaram o procedimento. "Atu­almente, temos cerca de
cem pessoas participando do grupo e mais oito prontas para enfrentar o
procedimento. O programa conta com endocrinologista, nutricionista,
cardiologista, fisioterapeuta, psicólogo e cirurgião, entre outros
especialistas", explicou.
( Por Júlia Veras, da Folha Online )

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