domingo, 24 de outubro de 2010

A RECEITA PARA DERROTAR DILMA

Para perder a eleição, Dilma Rousseff precisa deixar de ter o apoio de
1 milhão de eleitores por dia, de hoje até o próximo domingo.
Impossível? Não. Difícil? Muito.

Até o dia 31, Dilma comparecerá ainda a uma série de eventos de rua e
comícios. Neles, não corre riscos (exceto, talvez, de uma bolsa de
água cair sobre sua cabeça; mas isso não tira votos, ao contrário).

Como é natural, estará sempre protegida pela claque de militantes e
pela popularidade de Lula — que deve estrelar todos esses eventos, a
começar pela carreata de hoje de manhã no Rio de Janeiro. Também nos
programas eleitorais do rádio e da TV navegará em águas tranquilas.

Dilma, no entanto, estará exposta à duas situações potenciais de perda
de votos. Uma são os debates — o de amanhã, na Record; e o de
quinta-feira, na Globo. Programa ao vivo, tensão de campanha, tudo
isso contribui para uma possibilidade de tropeço.

Em favor de Dilma, porém, é preciso reconhecer que, se ela não é boa
de debate na TV (é prolixa, artificial, não conclui pensamentos etc.),
também nunca teve uma atuação desastrosa nestes confrontos. Até aqui,
ela os perdeu por pontos. Se quiser manter as esperanças, José Serra
terá que vencer por nocaute os dois debates.

A outra situação de risco que pode lhe roubar votos é a reportagem de
capa de VEJA desta semana. A pressão para que um alto funcionário do
ministério da Justiça produzisse dossiês contra adversários é uma
revelação de teor explosivo. E que reforça uma característica do
perfil de Dilma: a da pessoa pública com uma queda especial pela
fabricação de dossiês.

Há dois anos, foi justamente na Casa Civil comandada por Dilma que
Erenice Guerra coordenou a confecção de um dossiê com gastos pessoais
de FHC e de Ruth Cardoso (a papelada foi reunida com o objetivo de
chantagear adversários, num contra-ataque às revelações de gastos de
ministros de Lula feitas pela CPI dos Cartões Corporativos.).

O caso Erenice (o mais recente, não aquele do parágrafo acima), tirou
parte dos votos que Dilma possuía em algum momento de setembro e
ajudou a levar a disputa para o segundo turno. E agora?

Apesar da gravidade da revelação, ainda é cedo para dizer como isso se
traduzirá em (perda de) votos. Nos últimos anos, políticos e
pesquisadores repetem que notícias de que a confeção de um dossiê não
tira votos de ninguém – segundo o chiste corrente, o brasileiro médio
entende "docinho" quando ouve "dossiê".

Ainda que tal confusão seja real, na dinâmica de uma campanha nervosa
como a atual por prudência não se deve tentar adivinhar o futuro com
base em clichês deste tipo. Assim, o mais correto é aguardar mais
alguns dias.

De qualquer forma, permanece o desafio do primeiro parágrafo, que
dizia mais ou menos assim: para vencer a eleição, José Serra precisa
ganhar o apoio de 1 milhão de eleitores por dia, de hoje até o próximo
domingo. Impossível? Não. Difícil? Muito. (Informações da coluna
Radar, da Veja ).

Nenhum comentário:

Postar um comentário