segunda-feira, 11 de outubro de 2010

MULHERES SÃO MAIORIA ENTRE OS INDECISOS

Repetindo um padrão já observado nas eleições presidenciais de 2002 e
2006, o eleitorado feminino foi decisivo para adiar o desfecho das
eleições para o segundo turno, segundo cientistas políticos e
demógrafos que estudam o voto das mulheres no Brasil. Além de serem a
maioria do eleitorado brasileiro (cerca de 52%), as mulheres são
maioria também entre os eleitores indecisos – cerca de 60%. Foi esta
fatia que engordou os resultados de Marina Silva (PV) e, em menor
grau, de José Serra (PSDB) na reta final da disputa ao Planalto, em
detrimento de Dilma Rousseff (PT).

Se levado em consideração apenas o eleitorado masculino, Dilma seria
eleita no primeiro turno, com 54% dos votos válidos, segundo a última
pesquisa do Datafolha ou o Ibope. As mulheres mais conservadoras foram
justamente as que mais transferiram seus votos, provavelmente
influenciadas pela ação de grupos religiosos que buscaram associar
Dilma a uma posição favorável ao tema, dizem os especialistas.

"A proposta de Marina de deixar uma questão moral como o aborto para
ser resolvida por plebiscito, somada à pressão de grupos religiosos,
convenceram o voto feminino conservador, especialmente em regiões mais
atrasadas e fora dos grandes centros urbanos, a mudar de posição", diz
Maria do Socorro Sousa Braga, professora do Departamento de Ciência
Política da Universidade Federal de São Carlos (USCAR).

Descontando-se os erros de precisão de alguns institutos de pesquisa
nestas eleições, uma olhada na evolução do votos feminino e masculino
medido pelas pesquisas do Datafolha e Ibope nas últimas semanas dá bem
uma idéia da fuga do voto das mulheres na candidata Dilma. Segundo o
Datafolha, o percentual do votos femininos para a ex-ministra caiu de
47% no levantamento do dia 21 e 22 de setembro para 42% às vésperas
das eleições, em outubro. Já os percentuais de votos femininos em
Serra passou de 28% para 30% no mesmo período. E para Marina a alta
foi ainda mais significativa: de 14% para 18%.

Segundo a socióloga Fátima Pacheco Jordão, do Instituto Patrícia
Galvão, a fatia de mulheres indecisas dentro do universo total de
votos femininos é o dobro da fatia de homens indecisos já há muito
tempo. Para ela, as mulheres são efetivamente mais cautelosas antes de
decidir como votar, em parte porque percebem a política como um
território eminentemente masculino do qual, historicamente, sempre
foram alijadas. Ao empurrarem a decisão de voto para o último momento,
são consequentemente afetadas pelas informações e pela ação de grupos
de pressão. ( Do JC Online)

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