quarta-feira, 25 de agosto de 2010

MAIS PESSOAS DIZEM ADEUS AO CIGARRO

Médicos e pesquisa do IBGE constatam crescimento do número de
ex-fumantes. Divulgação dos males do tabagismo contribuiu para a queda

Amanda Tavares
Do JC Online

A primeira Pesquisa Especial Sobre Tabagismo (Petab), realizada pelo
IBGE e divulgada em novembro de 2009, revela que o número de
ex-fumantes no Brasil já ultrapassa o número de fumantes. Já o
Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas de São Paulo,
constatou que, após alguns meses de funcionamento da lei anti-fumo no
Estado, foi reduzida em quatro vezes a concentração de monóxido de
carbono nos ambientes fechados.

Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro são exemplos de Estados que também
aderiram à lei e, dessa forma, colaboram para a diminuição do número
de fumantes. Em Pernambuco, depoimentos de médicos e pacientes
comprovam a eficácia da medida. O auxiliar administrativo Aurino
Lourenço, 60 anos, foi fumante durante 45 anos de sua vida. "Comecei
aos 14. Naquela época, era bonito fumar.

Os jovens gostavam muito", lembra, afirmando que, nos últimos anos,
começou a sentir-se excluído em diversos ambientes por causa do vício.
"Até em bares, que antes eram lugares onde tinha muitos fumantes, eu
comecei a notar as pessoas se afastando quando eu acendia o cigarro.
No meu trabalho, reclamavam, na minha casa, também.

Qualquer objeto que eu pegava ficava com o cheiro e, mesmo que eu
tentasse disfarçar, escovando os dentes, as pessoas percebiam", conta.
Incentivado por um médico, que solicitou exames e informou que ele
tinha problemas de saúde provocados pelo cigarro, seu Aurino resolveu
lutar contra o vício.

"Nas minhas pernas tinham veias entupidas, tudo por causa do cigarro",
diz. Há um ano, sem precisar de medicamentos, ele conseguiu. O próximo
passo, foi incentivar a esposa a também parar. "Ela precisou de
remédios, mas também conseguiu", comemora, dizendo que, agora, seu
projeto é fazer campanha no bairro onde mora. "Quero ir às escolas,
mostrar aos jovens os males provocados pelo cigarro", salienta,
acrescentando que as campanhas promovidas pelo governo, principalmente
as divulgadas nas carteiras de cigarro, sempre chamaram muito a sua
atenção.

"Ficava com medo quando via a foto de um homem todo entubado porque
fumou muito." O cardiologista Sílvio Paffer ressalta que essas medidas
governamentais têm um efeito muito importante. "Já está provado que
uma singela medida (a lei que proíbe fumo em ambientes públicos)
provocou mudanças positivas. Os malefícios do cigarro não atingem
somente quem fuma, mas todo o ambiente.

O dependente do cigarro é um dos mais difíceis de serem tratados: o
produto é barato; não se fuma escondido, porque é legalizado; pode-se
comprar fiado e a indústria ainda utiliza artifícios para iludir os
consumidores, como as versões light", alerta. Já o pneumologista
Murilo Guimarães diz que, depois da implantação da lei, mais pacientes
procuram os consultórios, dispostos a deixar de fumar. "Desde a década
de 80 lutávamos por isso."

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