quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DILMA E SERRA TÊM CONFRONTO RADICAL



Principais adversários na disputa pela Presidência, o tucano José Serra e a petista Dilma Rousseff protagonizaram ontem, no debate online Folha de S.Paulo/UOL, o mais duro embate da corrida eleitoral. Adotando estratégia mais agressiva, Serra, oito pontos atrás da petista no Datafolha, a chamou de "ingrata" e "mentirosa". Dilma revidou, acusando-o de fazer "calúnia".


Os dois trocaram insultos e farpas nas quase três horas de debate. Dilma chegou a pedir direito de resposta quando Serra afirmou que a administração era marcada por um "troca-troca desavergonhado". Não obteve. Já na primeira questão a Serra, Dilma afirmou que o DEM entrara na Justiça contra o ProUni. E questionou: "Se a Justiça aceitasse o pedido do PFL, partido do seu vice, como você explicaria essa atitude para 704 mil estudantes?".

Serra – que chegou ao Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica preparado para um debate mais ácido – subiu o tom.


Lembrando que o PT se opôs ao Plano Real, à Lei de Responsabilidade Fiscal e até à eleição de Tancredo Neves, disse que "os petistas são imbatíveis no torneio do quanto pior melhor". "Você tem fixação no passado, em Fernando Henrique. Muito ingrata com FHC. Você é ingrata com Itamar e com FHC, porque eles fizeram Plano Real, LRF, Fundef", atacou Serra. Num mesmo disparo, o tucano disse que Dilma copiou sua proposta de implantação de Ambulatório Médico Especializado e insinuou que o PT deixava o trabalho sujo a cargo de sindicalistas.


Mais uma vez, Serra lançou dúvidas sobre a competência de Dilma. "Esse negócio do DEM parece brincadeira. Você também não está preocupada. Aí, algum assessor te deu isso e você vem querer criar dificuldade."

A discussão invadiu o segundo bloco, quando Serra disse que, após o vazamento da prova e de dados, o Enem "estava desmoralizado". "Acho um absurdo um candidato à Presidência vir aqui dizer que o Enem está desmoralizado", reagiu ela.


Como a petista repetiu que uma lei impedia investimento em saneamento sem que houvesse custeio de Estados e municípios, Serra disse que ela divulgava "uma mentira". Valendo-se do termo vazamento, voltou à carga: "Vocês quebraram o sigilo bancário de um vice-presidente do PSDB (Eduardo Jorge). Você disse que não tinha acontecido, chegou até ameaçar a processar e depois isso aconteceu", disse o tucano. Dilma rebateu: "A gente tem que ter cuidado para que o termo de calúnia não seja aquele que recaia sobre aqueles que caluniam e não provam. Nós processamos em todos os casos aqueles que falaram que vazamos qualquer coisa. Não se pode caluniar".


DIFERENÇAS


A adoção de um tom mais incisivo era a estratégia do comando da campanha de Serra, que avalia que chegou a hora de reforçar as diferenças entre as candidaturas. Embora a posição agrade ao PSDB, o tucano subiu uns decibéis além do planejado.


A escalada é atribuída ao nervosismo do candidato e também ao fato de ter sido surpreendido por ataques da verde Marina Silva. Mais incisiva que o habitual, Marina atacou Serra duas vezes. Criticou a qualidade do ensino em São Paulo, que o PSDB governa há 16 anos, e ironizou o uso de uma favela cenográfica no programa de TV do tucano.


Ela lembrou visita a uma comunidade em Diadema (SP). "Não entendi, já que no seu programa ontem (anteontem) teve uma favela virtual, quando temos uma favela tão real." A mudança foi incentivada por assessores de Marina, que ficou apagada no debate da Band. (Informações do Jornal do Commercio)


 

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