de seis cidades nos dias de jogos da seleção brasileira no campeonato
SÃO PAULO – Faltam poucos dias para o início da Copa do Mundo da
África do Sul. Mesmo que a equipe de Dunga não seja aquela "seleção
dos sonhos", o coração dos brasileiros vai bater mais forte e a
adrenalina vai subir quando começar o mundial. A emoção promete ser
forte, tão forte que a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) vai
realizar um levantamento inédito no País para avaliar os riscos de
problemas cardíacos nos torcedores durante os jogos do Brasil. A
finalidade é analisar a influência de um jogo dramático sobre a saúde
dos espectadores.
Em fase final de preparação, o levantamento, que será coordenado pelo
cardiologista Nabil Ghorayeb, diretor do departamento de cardiologia
do Esporte da SBC e responsável pelo Sport Check-up do Hospital do
Coração (HCor), deve envolver cerca de 200 profissionais da área.
"Serão selecionados de quatro a sete prontos-socorros de grandes
hospitais em seis cidades do País para a iniciativa", afirmou o
médico. As cidades selecionadas foram São Paulo, Porto Alegre, Rio de
Janeiro, Campinas, Belo Horizonte e Salvador.
"Nós vamos manter em anonimato os nomes dos hospitais para não
influenciar no resultado da pesquisa. E também para evitar uma corrida
a esses locais", diz o médico que revelou apenas dois deles, o HCor e
o Dante Pazzanese. "Não se trata de um estudo para o tratamento dos
torcedores, mas de um questionário que os pacientes e médicos de
plantão irão responder", frisa. Os principais eventos que serão
analisados são infarto do miocárdio, angina (pré infarto), arritmia e
derrame cerebral.
O envolvimento emocional do torcedor é determinante para o aumento do
risco. Em um momento tenso, o organismo libera noradrenalina, que
causa aumento dos batimentos e constrição dos vasos, aumentando a
pressão arterial. Esse cenário favorece de arritmias a parada
cardíaca, em casos mais extremos.
O cardiologista revelou que uma pesquisa semelhante foi realizada na
Alemanha durante a Copa de 2006. "Os trabalhos mostraram que no dia do
jogo da Alemanha houve um aumento de 30% a 40% nos atendimentos em
prontos-socorros em relação a doenças cardiovasculares agudas, como
arritmias, hipertensão arterial e até isquemia do coração."
A meta é obter dados de 5 mil pacientes. "Podemos tecer comparações
secundárias: nos jogos da primeira fase, a diferença pode não ser tão
grande. Já nos jogos decisivos, os problemas podem aumentar", estima o
cardiologista Álvaro Avezum, um dos pesquisadores.
RECOMENDAÇÕES
Para os torcedores mais afoitos – e principalmente para aqueles que
têm histórico de problema cardíaco –, Ghorayeb faz algumas
recomendações para evitar o estresse. "A mais radical é não assistir.
Mas se a pessoa insistir em ver os jogos deve evitar tomar bebidas
alcoólicas e bebidas derivadas de cafeína, pois elas funcionam como
estimulantes. Não fumar ou evitar ficar próximo a um fumante",
ressaltou.
Já os pacientes que usam medicação no fim da noite, o ideal é tomar o
remédio antes do jogo. "Mas é sempre importante conversar antes com
seu cardiologista". E acrescenta: "fazer uma respiração profunda de
seis a sete vezes também pode ajudar".
Com duas pontes de safena e uma mamária, o executivo de vendas e
corintiano Aércio Colombo, 60 anos, ouviu do médico que terá de se
controlar na Copa do Mundo – ou ficar longe da TV. Ele já foi parar
três vezes no pronto-socorro por causa de futebol, com pressão alta e
batimentos cardíacos alterados.
"Em dia de jogo, minha pressão sobe para 14 por 11 [o normal é 12 por
8], o coração vai a 110 por minuto, sinto até tontura", conta. Para a
Copa, Colombo pretende se controlar com algumas técnicas que
desenvolveu: sair para o terraço, descer na garagem do prédio, falar
abobrinhas. "Desta vez vou ser mais light. Quando o Brasil perdeu para
a França, dei murros na mesa, atirei meu radinho pela janela." - (Da
Agência Estado e Folhapress)
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