domingo, 16 de maio de 2010

Frustrado o sonho de transplante


FALTA DE RECURSOS FRUSTRA SONHO DE TRANSPLANTE

Mesmo com doadores compatíveis, pacientes estão impedidos de fazer o procedimento

Logo após o início da Campa nha de Doação de Órgãos 2010, na semana passada, pacientes que lutam contra o tempo para obter um transplante enfrentam um drama no Centro de Transplante de Medula Óssea (CTMO) do Hemope. Faltam medicamentos e materiais para os procedimentos. Ivanildo Ribeiro Lima Júnior, 22 anos, sofre de leucemia linfótica aguda e encontrou no pai um doador, mas mesmo depois de todos os exames os considerarem aptos para o transplante, falta no CTMO a bolsa de coleta de medula e ele está frustrado. Assim como Ivanildo, outras seis pessoas que já têm doadores estão impedidas de receber o transplante.

Outros 15 pacientes deveriam receber sua própria medula, após tratamento quimioterápico, mas não chegam a ser tratados devido à falta de insumos da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope). Além deles, outros 45 pernambucanos que fazem parte da lista de espera da Central de Transplantes torcem agora não apenas para achar um doador, mas para encontrar todas as condições para fazera cirurgia.


"Eles disseram que faltou material, por isso eu não poderia fazer o procedimento", lembra Ivanildo. Na espera há dois meses, ele ainda não tem ideia de quando poderá ter a chance de receber o órgão e lutar por uma recuperação definitiva da leucemia. O sonho para o futuro deu lugar à aflição de sempre viver o presente. "Não me preocupo com nada mais que o agora. Tenho que conviver com o medo constante de morrer a qualquer hora, de meu corpo parar de responder. Não há espaço para fazer muitos planos", afirma. De acordo com a supervisora do CTMO, Érika Coelho, a situação é grave e não há dúvidas que os pacientes lutam contra o tempo. "O candidato a um transplante deve estar com a doença em remissão, após passar por um tratamento de rádio ou quimioterapia. Não há garantias de prazo de sobrevivência. Apenas sabe-se que jamais é possível um paciente passar anos na fila", diz a médica.

Mesmo com a urgência, os profissionais se deparam com limitações no número de leitos (ao todo são nove, sendo três no Hemope e outros seis no Hospital Português) e a não disponibilidade, no estado, de exames clínicos essenciais, como a análise genética de compatibilidade de amostras de medulas. Além disso, muitas licitações demoram tanto que, quando são concluídas, os preços acordados estão defasados, obrigando o estado a, muitas vezes, refazer todo o processo.

Segundo a médica Érika Coelho, os cerca de 30 profissionais da CTMO convivem diariamente, há pouco mais de três anos, com a política da "gambiarra". São medicamentos trocados com outras instituições, equipamentos emprestados e doações de materiais cirúrgicos que permitem que os poucos transplantes realizados pelo centro sejam possíveis. Desde a criação do CTMO, em novembro de 2002, foram realizados 60 procedimentos, em um número crescente até o ano de 2006, quando 17 pacientes foram transplantadas. Em 2007, esse número caiu para quatro, chegando a apenas um, em 2008. Este ano, foram apenas dois transplantes e um terceiro está sendo cogitado. Segundo a supervisora, "com uma bolsa de medula emprestada de outro estado".

Ampliação - As negociações entre o Hemope e a Secretaria Estadual de Saúde voltaram. Ontem, a discussão girou em torno da ampliação dos recursos destinados à unidade, incluindo a área de transplantes. Para a CTMO está sendo negociada a aquisição de uma ala inteira do Hospital do Câncer de Pernambuco, com 10 novos leitos, até o fim deste ano. (Informação do DP Online)


 

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