Unidade inaugurada na Madalena tem média diária de atendimento de 2,41 pacientes
Inaugurado há quase 15 dias em caráter de emergência para atender preferencialmente viciados em crack, o Centro de Referência de Acolhimento dos Usuários de Drogas (Craud), no bairro da Madalena, vem registrando baixa procura. Uma surpresa, já que o número de usuários da droga cresce a cada dia no Brasil e no estado. Do dia 2 deste mês até a última terça-feira, 13, houve apenas 29 atendimentos (média de 2,41 pacientes por dia). Quase 20% da capacidade do centro que é de atender 450 pessoas por mês, se somarmos a expectativa total de consultas na sede e nos consultórios de rua, esta última ainda em fase de implantação. Estruturação das equipes e falta de divulgação do serviço são alguns dos entraves para que o novo centro se popularize e conquiste a confiança das famílias cujas rotinas foram alteradas pelo vício.
O Craud da Madalena é o único do gênero em funcionamento atualmente que atende todo o Recife e Região Metropolitana. Existem outros dois. O primeiro foi inaugurado em Bom Jardim, no Agreste, no último dia 1º; e o terceiro, em Floresta, no Sertão, na no dia 9 passado. Nestas duas unidades, o balanço parcial também oscila entre 20 a 30 atendimentos até o momento. O secretário executivo de Assistência e Desenvolvimento Social, Acácio de Carvalho, explica que o centro da Madalena está funcionando com apenas 40% da sua capacidade. "Hoje está abrindo das 8h às 20h, mas dentro de 60 dias vai passar para o regime integral. Também estamos treinando mais funcionários e estabelecendo as rotas das kombis para os consultórios de rua", justificou.
Na última terça-feira, o Diario visitou a unidade de triagem antidrogas no Recife e constatou que o prédio conta com boa infraestrutura básica, mas ainda precisa de ajustes. O imóvel, de dois andares, conta com três cômodos no térreo (salas de recepção e espera, uma cozinha, além de um banheiro) e, na parte de cima, dois aposentos para descanso (masculino e feminino) e um banheiro, além do setor administrativo. Todos bem limpos e organizados, apesar de a construção ser antiga. Falta, no entanto, concluir o fumódromo (que faz parte da política de redução de danos) e a sala de reuniões, que funciona de forma improvisada na garagem. A equipe é formada por 34 profissionais, entre enfermeiros, psicólogos, pedagogos, assistentes e educadores sociais e redutores de dano (funcionários de nível técnico que orientam sobre os usos de menor risco da droga).
Triagem
No centro, há quatro linhas de atendimento: primeiros socorros, se alguém estiver em crise, com atendimento ambulatorial ou internação (de seis meses a um ano) em clínicas específicas; aluguel social, no caso de alguém que se sente ameaçado de morte por traficantes na comunidade e se muda para um domicílio alugado pelo estado; ou monitoramento e acolhimento provisório. Enquanto o regime integral não é implantado, o centro oferece refeições (café da manhã, almoço, lanche e jantar) e descanso durante o dia.
Dos 28 pacientes atendidos na unidade, 27 eram usuários de crack com algum tipo de dependência, crítica ou severa. Entre eles, havia um que se declarou viciado em crack e portador do vírus HIV. A exceção foi um alcoolista. O perfil é formado basicamente por jovens entre 14 e 22 anos e do sexo masculino. Do total, apenas dois precisaram de internamento, os demais foram liberados e estão sendo monitorados. "Ninguém é internado por obrigação, a não ser por ordem judicial ou decisão da família", informou a coordenadora do Craud, Mônica Marinho. ( Por Rafael Dias, no Diario de Pernambuco)
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