quarta-feira, 27 de abril de 2011

AUDIÊNCIA PÚBLICA REFORÇA A LUTA DOS MÉDICOS POR MELHOR REMUNERAÇÃO POR SEUS SERVIÇOS

Depois da paralisação dos médicos e médicas do país, no dia 7 deste mês na luta por melhor remuneração de seus serviços por parte dos planos de saúde, essa mobilização foi reforçada hoje, dia 27, com a realização de audiência pública no Plenarinho da Câmara , por iniciativa da pediatra e vereadora Dra. Vera Lopes. As falhas e má fé de muitos planos de saúde condenadas por médicos e dentistas jogam pacientes para o SUS. Nossa mobilização é contra essa atitude e por melhor pagamento pelo nosso atendimento à população, afirmou Vera Lopes.

Além dela, fizeram parte da mesa dos trabalhos a defensora pública do consumidor, Cristina Sakaki, a representante do Sindicato dos Médicos de Pernambuco e da Comissão Nacional de Honorários Médicos, Malu David, o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremepe), Luiz Domingues, o representante da Sociedade de Ginecologia de Pernambuco, Carlos Alberto Sá Marques, e o representante da Federação Nacional dos Médicos,Antônio Jordão.

A defensora pública salientou que é sua missão, neste momento, lutar contra as aberrações praticadas pelos planos de saúde. Esse conflito entre os planos e o cliente (consumidor desse serviço), esclareceu ela, é mediado pela Defensoria, a qual dá atenção especial à situação dos idosos, os quais, após os 60 anos, tem a mensalidade do plano de saúde dobrada e até triplicada pelos planos. Estou perplexa com a situação em que estão os idosos!, disse Cristina Sakaki, lembrando também que, a cada dia, há menos pediatras nas casas de saúde. A continuar assim, avalia, o caos tomará conta de vez.

Por sua vez, a sindicalista Malu David lembrou o artigo 196 da Constituição da República, o qual estabelece que todo cidadão tem
direito a garantir a própria saúde. No entanto, disse ele, muitos planos de saúde atuam aviltando a relação com os segurados, explorando nos preços e desempenhando o completo papel de atravessadores. É inadmissível que nossos médicos recebam só 20, 30 ou 40 reais por consulta, quantias que não cobrem a manutenção do consultório. Nessa situação, os médicos acabam pagando para trabalhar. As distorções estão grandes. Paralisamos, no dia 7, para chamar a atenção diante dessa situação. Vocês não têm idéia de quantos médicos andam doentes diante desse quadro!. Malu David informou que a Comissão Nacional de Honorários Médicos já entrou na Justiça contra os planos que não estão atendendo ao que estabelece a agência Nacional de Saúde (ANS) quanto à remuneração e condições de trabalho.

O doutor Luiz Domingues, do Cremepe, lembrou que o convênio com os planos não atende a necessidade dos médicos em terem o pagamento sem demora, pois se temos um valor irrisório pelo nosso serviço, precisamos então ter muito mais clientes. O convênio não atende a solicitação dos médicos, o que impede procedimentos com mais segurança e tecnologia mais avançada. Nessa situação, segundo Domingues, o tratamento do paciente fica retardado a exemplo dos casos de fraturas e, depois, quando ocorre a necessidade de amputação, culpam os médicos. É grande o desgaste destes profissionais, os quais merecem, sim, a valorização profissional. Os planos, concluiu o representante do Cremepe, limitam o atendimento também aos idosos. Diante de tudo isso, informou que o movimento nacional dos médicos está na luta aliado à população e com o apoio do Ministério Público.

O representante da Sociedade de Ginecologia de Pernambuco, doutor Carlos Alberto Sá Marques, notou que existe uma tabela oficial com os preços a serem pagos aos médicos pelos procedimentos. No entanto, os planos de saúde não praticam esses preços. Nessa situação, têm crescido os casos de pacientes não atendidos, tecnicamente chamado de sinistralidade . Em meio a isso, vê-se diminuir muito o número de pediatras em atividade.Os planos não querem mais pediatras, denunciou o doutor, acrescentando que, em face do mau atendimento dos planos, o paciente precisa ir à Justiça, tendo o médico como testemunha.

Pela Federação Nacional dos Médicos, o doutor Antônio Jordão também lembrou da paralisação do dia 7 deste mês: A paralisação teve um motivo forte, disse. Em seguida, fez questão de salientar que, a rigor, os planos de saúde são, hoje, puro empreendimento empresarial, puros intermediários na busca do lucro. Ao longo do tempo a lógica passou a ser a do lucro e pronto. Hoje, 60 por cento da soma movimentada na área de saúde, no país, são dominados pelos planos. Estamos num momento limite e, diante disso, os médicos se mobilizam, pois o capital não tem compromisso social. Estamos muito distantes do modelo adotado na Inglaterra, que é socializado no atendimento médico à população. Esse modelo inglês deve servir de exemplo para nós brasileiros, disse Antônio Jordão.

Todos os integrantes da mesa na audiência pública fizeram questão de ressaltar a importância da iniciativa da Dra. Vera Lopes, concordando que chegou a hora de Pernambuco e o país colocarem um ponto final num modelo que já descamba para o caos. E quem tem prejuízo, além dos médicos, é a população brasileira.

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