sábado, 12 de junho de 2010

SERRA É OFICIALIZADO CANDIDATO À PRESIDÊNCIA




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Sem apresentar seu vice, o tucano José Serra oficializou neste sábado sua candidatura à Presidência da República durante a convenção nacional do PSDB em Salvador. Logo na abertura de seu discurso de mais de meia hora Serra disse:

- Sim, sim. Eu aceito ser candidato a presidente da República. Aceito, neste momento tão importante, liderar meu partido na eleição deste ano.

O candidato, que discursou com a ajuda de dois teleprompters no centro de um palco com cerca de 100 convidados, fez críticas indiretas ao governo Lula.

- É preciso pensar antes de votar porque não há malandro que chegue lá sem o voto. O Congresso precisa ser a principal arena do debate e do entendimento político, da negociação responsável sobre as novas leis. O que o Congresso não pode ser é arena de mensalões, de compra de votos e de silêncio - alfinetou o tucano.

Ele voltou a criticar também o "loteamento político exacerbado" do governo Lula, e os cortes nos orçamentos da Saúde e da Educação.

- Isso significa que dinheiro público está sendo mal gasto no Brasil. Não falta dinheiro, falta prioridade.

O tucano disse ainda que não tem padrinho político e nem "esquadrões de militantes pagos com dinheiro público"

- Eu não comecei ontem, não caí de paraquedas. Tenho minha biografia. Minha experiência - resumiu Serra, explicando que seu padrinho político já morreu, numa referência indireta ao ex-governador Mário Covas.

 O candidato tucano criticou também as relações do Brasil com países como Irã e Cuba.

- Eu acredito nos direitos humanos, dentro do Brasil e no mundo. Nós não devemos, não fica bem elogiar continuamente ditadores de todos os cantos do planeta.

O tucano prometeu, se eleito, manter programas sociais com a ampliação, por exemplo, do Bolsa Família. Se comprometeu ainda a criar um milhão de vagas em escolas técnicas em todo o Brasil.

Serra chegou ao local por volta das 12h ao som de repentistas e fogos de artifício. O tucano estava acompanhado do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e do candidato do DEM ao governo da Bahia, Paulo Souto. Estão presentes também no evento o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, e do senador Tasso Jereissati (CE).

Antes dos discursos, foi exibido um vídeo gravado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que está no exterior. Na mensagem, FH se mostrou confiante na vitória tucana:

"Serra está ao lado dos pobres e dos que precisam. Serra é um homem solidário. Com as mãos competentes e carinhosas de José Serra esse Brasil vai poder muito mais", disse FH.

Depois da mensagem, Paulo Souto fez discurso. Muito aplaudido, Souto disse que PSDB e DEM juntos podem construir um novo tempo de desenvolvimento, liberdade, justiça e paz.

- Juntos, de mãos dadas com todas as pessoas de bem do nosso estado, vamos enfrentar o populismo, o jogo sujo e o uso desmedido do dinheiro público na propaganda de obras que muitas vezes não existem como projetos - disparou Souto numa crítica indireta não só a seu principal adversária na disputa estadual, o governador petista Jaques Wagner, como também à campanha nacional desenvolvida pelo PT.

E acrescentou:

- O que nos une aqui, nesse início de caminhada, não são as negociações espúrias de cargos e posições no governo. O que move nossa união, não são as verbas do Estado nem as ameaças de retaliação que pairam sobre quem ousa desafiar a máquina de cargos e propaganda instalada na Bahia e no Brasil.

Depois, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), atacou em seu discurso a tentativa do atual governo e o PT de dividir o país e disse que espera uma campanha limpa e popular. Ele criticou o dossiê que estaria sendo preparado pela campanha da adversária, Dilma Rousseff, contra os tucanos.

- Nada vai nos aproximar da política dos dossiês - disse ele, emendando:

- Estamos ao lado de um candidato a favor da união do Brasil. A divisão não é a nossa praia. Esse Brasil não pode mais ser submetido a constrangimento. Queremos um Brasil melhor e mais unido. Respeitamos nossa adversária, queremos uma campanha limpa e popular - completou.

Segundo ele, a escolha de Salvador, maior colégio eleitoral do nordeste, para sediar a convenção foi tomada para vincular Serra à Bahia colorida, nodestina, brasileira e miscigenada.

Em seguida, em um discurso rápido, mas contundente em defesa de Serra, Aécio fez citações indiretas às alegadas deficiências da adversária petista Dilma Roussef.

- O companheiro José Serra conquistou legitimamente esse espaço, não foi imposto. Conte com todos companheiros que aqui estão. Temos o melhor dos candidatos, o mais preparado, um líder e não o reflexo de um líder - discursou Aécio:

- Assuma essa tribuna e a liderança do processo de redenção nacional que nos elevará a um patamar mais elevado - acrescentou.

A pressa dos tucanos é grande para que a cerimônia acabe até às 13h30m, para que a festa não seja atrapalhada pela Marcha de Jesus, um evento evangélico que deverá levar milhares de pessoas às ruas de Salvador. Os coordenadores da campanha em Salvador chegaram a negociar com organizadores da marcha o adiamento do seu início para as 14h30m.

A festa tucano aconteceu em meio aos símbolos da cultura baiana. Mulheres caracterizadas de baianas e distribuindo fitas do Nosso Senhor do Bonfim, homens em trajes de Filhos de Gandhi e um grupo de percussionistas do Pelourinho receberam os convidados da festa.

No salão, foi colocado um telão alternando imagens do tucano em campanhas anteriores. Também foi montada uma cabine em que os participantes podem fazer uma fotomontagem com Serra ao lado.

O palco foi montado sob um tenda branca de frente mar. Nele há um grande cartaz com a foto de Serra e o slogan da campanha "O Brasil pode mais". Em forma de arquibancada, o palco tem capacidade para 100 pessoas, com 50 cadeiras de cada lado.

Tucano ainda não tem vice definido para chapa presidencial

Apesar da grande ansiedade, especialmente entre seus aliados, sobre a escolha do vice da chapa de Serra, a orientação do comando da campanha tucana é deixar o assunto para depois da convenção.

Com um quadro de sinusite e gripe forte, Serra passou a sexta-feira trancado em casa, em São Paulo, finalizando seu discurso, no qual se apresentará como o mais preparado para o comando do país, evitando ataques diretos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou à sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff. A ideia é deixar essa tarefa para os aliados.

O DEM marcou sua convenção nacional para o dia 30 de junho, quando acaba o prazo para o registro das candidaturas para as próximas eleições. O partido, porém, está dividido entre os que prometem deixar Serra livre para escolher seu vice e aqueles que cobram que essa escolha seja feito dentro das fileiras do DEM.  (Do Site de Raul Jungmann)


 

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